Para alguns criar polémica no tocante a acções do Bloco de Esquerda, decorrentes da sua actividade polÃtica, é hoje um facto incontornável da polÃtica portuguesa. Ainda bem. No princÃpio achavam piada à irreverência do Bloco. Aplaudiam as suas propostas polÃticas fracturantes. Elogiavam a “coragem” de romper como “status quo”, relativamente a assuntos tabus. Destacavam a qualidade dos seus dirigentes e dos seus deputados, Francisco Louçã era considerado o deputado mais competente.
As televisões, os jornais, os comentadores, achavam “graça”. O Bloco era acarinhado. Finalmente qualquer coisa de novo estava a acontecer na cena polÃtica. O Bloco trazia para a discussão pública aquilo que outros recusavam debater. O Bloco actuava em contra-ciclo ao politicamente correcto. Trazia a ruptura polÃtica contra o conformismo. Introduziu um discurso novo, clamava por uma cidadania exigente, responsável e participativa. Logo na primeira eleição, elegeu dois deputados. O Bloco com o grupo parlamentar mais pequeno foi o mais interventivo, o que apresentou mais propostas, logo no primeiro mandato. Muitas das suas propostas foram aprovadas globalmente ou foram tidas em conta.
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Mas o estado de graça desapareceu. Onde antes viam coragem e renovação, passaram a ver snobismo, folclore e … manias. Onde antes viam combatividade e coerência, passaram a ver radicalismo, presunção e … manias. Onde antes viam capacidade, competência, passaram a ver, radicalismo, dissimulação e… manias. Enfim! O Bloco começou a incomodar. O Bloco não transigia com a falsidade, a intriga, o consenso podre, com o formalismo hipócrita. O Bloco continuava a intervir, a denunciar, a combater as politicas anti-sociais, a reprovar as politicas económicas, as politicas fiscais, a criticar o modelo de desenvolvimento, a denunciar a corrupção, com firmeza, com clareza, sem tibiezas ou medos. E não se desviou do seu rumo; a luta pela alteração da sociedade com base na justiça social.