Nota prévia: este texto deveria ter sido publicado no Dia do pai. Todavia, por escolhos vários, fui obrigado a adiar os meus anseios. Aproveito, também, para dedicar as linhas seguintes ao Henrique, órfão recente de pai, e ao João, cuja mãe a inclemência arrebatou, igualmente há pouco.
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(...) Cresci perante o exemplo desassombrado daquele homem com quem quero emular. Arriscou, coagido, a vida por uma guerra torpe, nas matas letais de Cabinda, ainda hoje território angolano órfão de paz. A guerra couraçou-o, o que permite, hoje, enfrentar qualquer óbice com a tenacidade de quem sobreviveu 26 meses no mato. Abdicou cedo dos estudos, após a morte precoce e agónica do pai, episódio ominoso que o obrigou a trabalhar com a idade de quem ainda deve comer papinhas. Também sobreviveu. Quantas vezes sucumbo ao desassossego por sentir que não prolongo o seu exemplo. Quantas vezes, nas manhãs gélidas, atapetado até à canÃcula, ouço o ranger dos seus músculos cansados, mas firmes, primeiros passos de um novo trabalho de Hércules. Oh, “ser tu sendo euâ€�, diria outro, desapossado, cedo, de pai. (...)
In Estranho Estrangeiro