Era miúdo, em Maio de 1968. Mas do que ouvi falar na altura, "um bando de arruaceiros tomou Paris". No tempo em que as calças eram "à boca-de-sino", as botas "à Beatles", as meninas usavam saias até ao tornozelo e os meninos calções, em que se faziam aquelas festas de adolescentes em garagem com o "Love, Love Me Do" e com o "Calhambeque", no seio da moral burguesa a opinião era unânime: os estudantes da Sorbonne são uns selvagens, uns desgrenhados, uns drogados, do reviralho.
E eu acreditei.
Orlando Braga