O meu relógio não é um moinho a engolir as horas
-as horas que já foram
e que são.
-Não!
O meu relógio trabalha como os outros,
mas só tem uma hora
-a hora que há-de vir!...
Alfredo Reguengo
A partir de hoje e até ao 25 de Abril, irei publicar um poema por dia de Alfredo Reguengo, do livro “Poemas da Resistência” que me foi oferecido gentilmente pelo Sr. Presidente da Junta de Freguesia da Meadela, a quem Alfredo Reguengo legou toda a sua biblioteca pessoal. Este livro atravessa o período entre 1937 e Abril de 1974. Não conheci Alfredo Reguengo, pessoalmente. Retenho apenas uma muita vaga ideia dele, julgo que tinha um pequeno comércio de mercearia, ou sapataria, na rua Gago Coutinho, em Viana do Castelo. Não tenho a certeza pelo que esta informação vai com todas as reservas. Mas aquela figura esguia, simpática, mas, intensamente, introspectiva, não me deve enganar.
[1] Alfredo Reguengo era um homem, atento à actualidade e preocupado. O seu primeiro livro, “Poema dos 20 anos”, foi publicado muito cedo e o primeiro bloco de poemas da resistência, sob o pseudónimo de Julião Ricardo, foi composto entre 1937 e 1941, no período mais duro da repressão Salazarista e após a vitória franquista, na guerra civil da vizinha Espanha e no melhor período do III Reich.