A história, no nosso país, decalca-se a ela própria, cingindo-se as mutações aos intervenientes, às épocas e respectivas inclinações. O povo, hoje com uma apresentação mais cosmopolita que encapota o atávico provincianismo, preserva, imaculada, a fidelidade à alienação consabida que enquista a condição de títere, manejado por vicissitudes. A pertinência da Democracia, desde Abril, não se discute, tal como não se discutia, impunha Salazar, Deus, a Pátria e a família. O mesmo povo que legitimou eleições democráticas, há três meses, postergaria o ideário democrático se uma inverosimilhança o transportasse até uma época remota do Portugal histórico, destituída de qualquer vestígio, mesmo que formal, de “democracia”. O hábito mumificado é a grande idiossincrasia portuguesa.
In Estranho Estrangeiro