(...)Os canais televisivos italianos, irradiando uma volúpia feminina impudente e ferina, naquela época de insurreição hormonal rotulada de “puberdade", catalisavam a ebulição sensitiva, responsável pela transformação do Homem num cúpido salivante, num aspirante a devasso de recessos vedados. Ao conluio, que tornava quimérica a ataraxia, associava-se a melifluidade hipnótica que envolvia cada palavra, projectada por lábios nos quais gostaria de ser o fruto proibido. Fitava, absorto, a RAI1 como a minha avó observava os gráficos climatéricos da CNN. Se bem que o som seduzisse, só interessava absorver, degustar e enraizar as imagens daqueles assombros bamboleantes, infiltrados que reivindicavam maior durabilidade na memória. (...)
In Estranho Estrangeiro