2.02.2006

A democracia participativa e a retórica

Começo por dizer que sou um adepto dos movimentos dos cidadãos. Quantos mais melhor. Não me impressiono, nem me incomodo se porventura, acho exageradas algumas das intervenções destes movimentos. Aborrece-me mais a inacção. O “deixa andar”. O “faz de conta” que não é comigo. Defendo que todos, mas todos mesmo, têm o direito a exprimir o seu ponto de vista, defender as suas causas, lutar pelas suas convicções. E não tem de ser no estrito e escrupuloso cumprimento da lei. Às vezes até pode e deve ser contra a lei. Defendo a diferença de opinião, por muito que me custe a outra opinião. Defendo a manifestação, a greve, o protesto, a resistência, por quem ouse utilizar estes instrumentos na sua acção de luta. Quem age desta maneira sabe ou deve saber como os usar. Quem se envolve, nestes movimentos, pondera, decide, corre riscos, assume responsabilidades. Não se deve lamentar.

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Num sistema de democracia avançado, não podem existir deputados de primeira e outras de segunda. Cada deputado tem um voto e tem, isoladamente, igual valor. Não posso como deputado municipal, eleito como todos os outros, renunciar, por vontade de outros, à minha condição de igual, entre tantos. A representatividade de cada um dos grupos políticos traduz-se em mandatos, conforme a lei eleitoral em não em qualidade distinta.

O meu colega que representa o Bloco na comissão de revisão do regimento, disse-me que se ia abster na votação global do documento, pois entendia que a comissão acolheu outras propostas nossas e devia-lhes esse dever de colaboração. Pela minha parte, embora compreenda a sua posição, se não me convenceram com argumentos sólidos de que não tenho razão, o meu voto será contra.