Recordo-me de todos os relógios que ofereci. Após a compra, confinava-me ao meu claustro inexpugnável e amarfanhava, inepto, os ornamentos que revestiam a prenda, observando o lento palmilhar do ponteiro dos segundos. Durante um minuto permanecia absorto, à espera do momento espasmódico em que se movia o ponteiro dos minutos. Nunca antes submeti aquele esquisso de ritual mÃstico ao escalpelo da razão. Recordo-me, todavia, de que estabelecia com um “euâ€� imaginário um plano assente nestas premissas: um minuto equivalia a um ano, pelo que a superstição baça impelia-me a manter o ponteiro dos segundos sob tenaz atenção
In Estranho Estrangeiro