No Hospital, naquela cama amarfanhada e igual todas as outras, a minha mulher comemorou 33 anos, libertou a nossa filha do casulo - que os médicos, ciciando na penumbra, avaliavam como sepulcro – e morreu. Aos 33 anos, numa cama possivelmente com a mesma idade, roçou o idÃlio, foi heroÃna ao salvar uma vida, e débil para resistir ao golpe abjecto da morte precoce. Aquela cama, exigi com palavras titubeantes, acompanhou-me até casa, e neste momento escrevo sobre ela. Os lençóis são os mesmos, plenos de máculas devido à s lágrimas que todos os dias colidem com a alvura degenerada. Oh, meu Deus, escrevi alvura degenerada e vejo a minha filha, sob as colunas de uma qualquer discoteca, a ser devassada por um qualquer imberbe salaz, como eu noutros tempos.
In Estranho Estrangeiro