Na preponderância das "máquinas", alimentadas pelo "marketing", como procurei escalpelizar num texto recente, radica um irrefragável indÃcio de decomposição polÃtica. As "máquinas" são relevantes porque os que nelas se sustentam extraem proveitos. Ora, se as máquinas vencem, alguém perde. E perde a racionalidade, derrubada pelas sÃnteses ocas, assemelhando-se os indivÃduos a autómatos, manejados por estÃmulos externos e destituÃdos de filtros. Um dos últimos comÃcios de Cavaco Silva, realizado no passado fim-de-semana, agregou (quase) todas as particularidades excruciantes aqui destacadas. Enquanto Cavaco repisava frases vazias, mas num registo de candência progressiva, bandeiras adejavam e as turbas enlevadas entronizavam o candidato. "Cavaco, Cavaco, Cavaco", bradavam. Se a emoção fervilhante naquele território de massas ululantes não putrefez a circunspecção de Cavaco, acredito que até o próprio repeliria, se pudesse, aquelas manifestações de estouvamento exacerbado.