9.19.2006

Com licença

O PCP anda a irritar-me

Regressei à actividade política com o Bloco de Esquerda.

Há muitos anos, mais de vinte, tinha deixado a actividade partidária, depois de muitos anos de intensa e sincera militância. Um dia nos anos oitenta, fui-me embora, desgostoso e decepcionado com os caminhos trilhados pela minha extrema-esquerda. Estava na UDP.

Percebi que o caminho não era aquele. Dei-me conta de alguns abalos nas minhas convicções ideológicas. O “meu” comunismo não era aquele. Como não o era o defendido pelo PCP. A minha visão idílica de uma sociedade comunista abalou. Os países “comunistas” do Leste europeu, há muito que me tinham desiludido. Descobri, mais tarde que os “meus” países comunistas, também não eram “comunistas”. Não eram aquilo que aprendi sobre o comunismo.

Na altura, não colocava em causa o comunismo. Agora ponho muitas coisas em causa.

Agradava-me a utopia de uma sociedade sem classes, o idealismo de “a cada um segundo as suas necessidades de cada um conforme as suas possibilidades”. Agradava-me a simplicidade de uma sociedade em que a riqueza fosse partilhada.

Agradava-me e agrada-me.

Contudo, algumas teorias evidenciaram-se mesmo desadequadas. E as práticas ainda piores. O modelo de organização do Estado e do partido comunista mostrou-se mesmo desastrado e contraproducente, tendo conduzido os países a novas ditaduras e a um novo capitalismo.

(…)

Este PCP está a ajudar a que deixe o Bloco de Esquerda. Começo a descrer na capacidade da esquerda se emendar. Diz o José Mário Branco, numa das suas fabulosas canções, “depois de tantas guerras já não sei fazer as pazes”. Talvez seja isto. Não estou disposta a dar muito mais para estes peditórios. Vou sair. Com licença.

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