4.14.2006

Um poema por dia de Alfredo Reguengo (III)

Em 19 de Janeiro de 1973, com o poema Dístico, Alfredo Reguengo, parece querer fazer um balanço da sua vida. É uma linguagem em linha recta. Toda a sua linha poética tinha essa matriz, ser percebido por todos. Nas suas próprias palavras, ele foi uma "voz que se ergueu/ e que falou/ falou sempre/ como sabia/ em voz alta e de maneira que todos percebessem". Era assim Alfredo Reguengo, uma pessoa culta que não fazia da poesia ou literatura um modo de vida, mas era a sua vida. Sempre ao lado dos mais sofridos e da liberdade. Este poema transporta alguma desilusão, depois da "prometida" primavera marcelista. É um desabafo de quem sempre lutou, sem nunca ter pedido "nada/ que pudesse/ fazer grande/ ou pequeno/ isto que sou".

 

Dístico

 

Eu quero lá saber
se, um dia,
alguém
há-de achar bom,
ou mau,
isto que fiz
e há-de deitar,
ou luz
ou lama,
sobre o meu nome
esquecido!...

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