1.13.2008

Má vida

Sou fumadora. Quando não estou a fumar estou a roer as unhas, ou o osso. E este tem dado para roer, roer, e parece-me que ainda falta muito para chegar ao tutano.

Como sou utilizadora de transportes públicos, passo (perco) horas e horas da minha vida a observar os outros na sua vidinha, mas disso não me queixo porque me dá um especial prazer (podia dar-me para pior). Estava eu à espera de um daqueles autocarros que só passam duas vezes por dia, à frente de um cafézinho/taberna que já conheço muito bem, a fumar o meu cigarrinho, quando reparo num velhote que saiu do café de propósito para fumar o dele, duas vezes. Deve ter sido a primeira vez na vida que o proibem de fumar, pensei, mas com todo o civismo lá vinha para a rua quando lhe dava para o vício entre os copos e o jogo de futebol. Depois vi outra cena muito triste, mesmo muito triste. Um dos frequentadores do café, também velhote, gordo, vermelho e tão cheio de vinho que até cambaleava, saiu e gozou, mas muito a sério, numa autêntica perseguição: "Merda de tabaco! Eu quero saúde!" Diz o roto ao nu. Diz a cirrose ao cancro. Pois aquela grande besta está convencida que fumar faz mais mal do que ser obeso e alcoólico. Se querem que vos diga, o fumador parecia mais saudável, mas as aparências iludem e é provável que estejam ambos igualmente de pés para a cova.

Continua