A propósito, da substituição de Carlos Sousa da Câmara de Setúbal, bem cedo, exprimi a minha posição aqui, “ainda” o PCP examinava o assunto. Tive, logo, uma posição muito clara. Estava contra. Não podia concordar com uma substituição, à revelia do próprio ou dos eleitores. Do próprio, porque um partido não é “dono” dos seus militantes. Dos eleitores, porque esta eleição não se confina ao voto dos eleitores do PCP.
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Pior do que a atitude do PCP só a atitude do próprio Carlos Sousa ao aceitar a sua substituição com o argumento de “renovar energias, rejuvenescer e reforçar a equipa, para melhor enfrentar os desafios”. Carlos Sousa esteve-se nas tintas para os seus eleitores; deu precedência à estratégia do partido, conformou-se, desistiu, teve medo. Mostrou ser um fraco. Mostrou que não merecia a confiança dos seus eleitores. Foi pior a emenda (deixar-se substituir) do que o soneto (a pressão para se demitir).
Reitero o que disse neste outro post. “A demissão [a acontecer] só a entendo por dois motivos: Não resistir às pressões partidárias. Abandonar o barco traindo as suas próprias convicções. Haveria uma terceira legítima mas que no caso me parece desajustada e que seria o próprio reconhecer uma prestação negativa do seu trabalho à frente da autarquia, mas nesse quadro, a sua saída é a destempo.”